Fogo Fátuo: A Mãe Primeva!
- João Rosa de Castro
- 25 de fev.
- 3 min de leitura
MOTE PRÓPRIO
Uma ou duas frases apenas é possível apreender e cultivar de Schopenhauer sem sentir que se está traindo a si mesmo. Uma delas é aquela em que ele dizia: “um homem pode fazer gerar cem filhos em um ano. Uma mulher, apenas um”.

Assim vou meditando sobre o que muitas feministas estão tentando reinventar: a saber, A Roda. “Empoderamento”. A nova palavra se imiscui na língua portuguesa, assim como “presidenta”, “feminicídio”, etc. É o tal do empowerment das feministas estadunidenses. Muitas brasileiras querem o poder (ou a autonomia, ou a autonomização ou ainda a independência), partindo já da submissão ao uso da língua estrangeira. Poder é poder, e a inteligência artificial diz que poder tem conotação negativa. É melhor se submeter aos ianques porque segundo ela eles sabem das coisas. Outra subalterna…
É claro que de entre as feministas deletérias, há algumas que salvam a classe, por exemplo, Maria Lúcia Homem, que fala onde dói também para os homens no caso da violência doméstica, por exemplo.
Sem falar de uma ou outra que admite que o homem branco oprime a mulher; a mulher branca oprime o homem negro; o homem negro a negra; e a negra não oprime ninguém ou (e por isto mesmo) pode ansiar por oprimir a todos.
Mas sim. Claro que sim. Empoderamento. Quem não quer poder? Mas não vai haver poder da espécie humana — muito pelo contrário — enquanto negociarmos para que o cão ame o gato ou que o gato ame o rato; ou ainda para que as galinhas comam a raposa e a banana coma o macaco.
A natureza não vai dar o orgasmo vaginal ao transexual. Não vai tornar os direitos de homens e mulheres iguais. Nem os deveres. Não vai dar asa ao homem. Não vai fazer a chuva partir da terra molhada para os céus das terras diversas, distantes e secas. O quer que seja realizável dentro de semelhantes questões será resolvido por meio de ilusão, tecnológica ou não, assim como somos iludidos de que um “cancelamento” [como dizem hoje, mais um modismo a que não aderimos] não é um “linchamento”.
O artifício não poderá substituir a humanidade em si por qualquer outra coisa que seja além ou aquém de humano. Somos apenas pontes entre o primata e a coisa que for além de humana; a aposta que fazem na inteligência artificial chega a dar cócegas. Meros instrumentos, conforme vislumbrou o filósofo.
No entanto, façamos umas contas muito peculiares. Mais uma vez e alguém, que somos nós mesmos, defende os instintos. Imaginai, por exemplo, a mãe da ordem primordial.
Para que a tragédia humana tivesse o mesmo princípio, uma suposta mãe da ordem primordial precisaria ter sido assassinada em bando por uma porção de solteironas, revoltadas com que não pudessem se deitar, como Ela, com os homens. Isto para darmos um modelo freudiano invertido do assassinato do pai da ordem primordial.
Depois disso, essas mesmas mulheres se arrependeriam do feito. Rechaçariam os homens.
Comparando a mãe primeva com o pai primevo, os resultados seriam um tanto curiosos. E olha que a comparação geralmente é, no mínimo, odiosa. Mas em se tratando de Freud, é sempre aconselhável virar o conceito de cabeça para baixo.
Com o tempo, o mundo teria se tornado como a Dominica, e sua população, com cerca de setenta mil habitantes.
A qualidade de vida desses países seria mais ou menos a mesma da Dominica, que hoje assume posição de IDH um pouco abaixo da do Brasil, em 88º lugar.
Morreriam crianças no mundo na proporção com que morrem naquele país. A renda seria a mesma de lá. A longevidade, a educação, tudo poderia ser comparado se o “tal do” “empoderamento” transformasse as mulheres em seres realmente poderosos como os homens, e o mundo recomeçasse com essa nova invenção das mulheres. É isto mesmo ou estaríamos apenas schopenhoueriando? Isto ou não, ao menos, todos falaríamos “inglês”!
In: CASTRO, João Rosa de. Fogo Fátuo. Auto-publicação. Disponível em www.pedradetoque.com.
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