O Arauto quase teve outros dois títulos, um deles ambíguo. Mas, como a arte em si é polissêmica, não há porque não confundir o nome das crianças e das obras de arte. Fala em equilíbrio, em uma esperança que nem aumenta nem diminui o suplício. Mas uma esperança que move para o ato, para a ação, para o sentir-se ativo, agente e autor da própria vida.
Com o Cio da Pedra, eu me despedia da vida em família, me despedia dos trabalhadores braçais, dos comerciantes, etc., para me dedicar às letras. Mal sabia que estava sendo mais um “Oi” do que um “Tchau” a todos eles. A pedra faz referência às pedras de Pedro, meu falecido avô paterno: feiticeiro, que mantinha pedras pretas enormes em seu congá, nas quais os umbandistas presentes haviam de bater a cabeça antes de começarem as giras.
Zum forma com Bis (o livro seguinte) uma palavra que me é muito cara: Zumbis. Imagine se cada um de nós fosse um Zumbi dos Palmares? Libertários como ele! Ou se fôssemos zumbis em outro sentido?
O livro traz o primado da criação. Inicia com o poema “Produção Independente”. A escravidão de si mesmo. A mais acertada. A mais democrática das escravidões. O escravo de si mesmo não escraviza ninguém nem se deixa escravizar por ninguém ao mesmo tempo que escraviza a todos e se deixa escravizar por todos. Ninguém mais que Zumbi para ter pensado em algo como isto.
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R$ 42,50Preço
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